Pedagogia Waldorf: Visita a Escola Rural Dendê da Serra

 

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Nessa sexta-feira (21), visitei a Escola Rural Dendê da Serra, orientada pela Pedagogia Waldorf, que é localizada na área de Proteção Ambiental Itacaré – Serra Grande  do município de Uruçuca.

Essa Pedagogia Waldorf tem um fundamento diferenciado das outras que estamos acostumados, é uma visão mais abrangente do ser humano, onde procuram criar as condições necessárias para que os alunos desenvolvam não só as suas capacidades intelectuais, mas também habilidades manuais, artesanais e artísticas, valorizando-se o conhecimento e as tradições locais, a convivência construtiva com a natureza, o amor ao próximo e à criação divina. E o que faz ainda mais que a questão ambiental seja presente é localização, já que está na zona rural de uma APA (Área de Proteção Ambiental).

A Pedagogia Waldorf tem muito a nos ensinar, principalmente, nós que estamos sempre aprendendo.

 

O PERIGO DOS CONTOS DE FADAS

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Quem já ouviu a história do Barba Azul? Quem já ouviu a história da Branca de Neve? E Chapeuzinho vermelho? João e Maria?

 O Barba Azul, para quem não lembra, matava todas as esposas, porque ele as julgava indigna e desobediente, até que a última descobre seu segredo e com astucia e um pouco de sorte se livra do tirano.  Branca de Neve sofre na mão da madrasta que mata seu amado pai, em algumas versões provocou a morte da sua mãe também. Preciso falar de Chapeuzinho vermelho? Do plano maléfico do lobo de jantar a vovozinha como entrada e a menina como prato principal? João e Maria, pais que abandonaram os filhos ao relento, ao destino, que precisam enfrentar uma bruxa canibal.  Eu poderia também falar das histórias bíblicas, de Daniel na Cova dos Leões, de José do Egito, traído pelos seus irmãos, poderiam falar de Ló e suas filhas, histórias que li em livros de histórias bíblicas para crianças, mas não vou entrar neste mérito… Você que ouviu uma destas histórias na infância, senão todas, acredita que elas influenciaram negativamente na sua formção? Conhece alguém que se tornou um Serial Killer por ouvi a história do Barba Azul?

Por que essas histórias com dramas, enredos tão fortes encantam crianças de geração a geração?  Essas histórias representam algum perigo para nossas crianças? Essas talvez sejam perguntas de pais e educadores. E  quem responde é o psicólogo e pesquisador Bruno Bettelheim, no livro a Psicanálise dos Contos de Fadas, que em 1948 já temia pela perseguição aos contos de fadas. Ele explica que tais contos falam em uma linguagem simbólica, a mesma linguagem dos sonhos, é um mundo fantástico, e podemos ter certeza que a criança tem plena consciência disso. A criança é a melhor entendedora desse universo fantástico do que você, mãe, professor, educador. Quando a criança escuta um conto ela relaciona o vilão da história com aquilo que a faz mal, que pode ser ou não ser uma pessoa. O vilão pode ser aquela alergia alimentar que tanto a agride, a priva de comer suas guloseimas favoritos, pode ser a diabetes tipo 1, pode ser babá que lhe maltrata quando seu pais não estão em casa, a cuidadora da creche, um professor, um coleguinha, cada criança tem seu próprio vilão, as vezes reais, as vezes imaginários.

A criança entende e se relaciona com mais facilidade com a linguagem simbólica, ela entende o mundo do “era uma vez” que não é o mundo dos telejornais, por exemplo, vejo às vezes os pais com a televisão ligada em noticiários sensacionalistas que mostram todas as mazelas sociais, crimes bárbaros, a criança sabe que aquilo é real, que não é o mesmo enredo das histórias fabulosos, nem a mesma linguagem.  Esse tipo de exposição é a que gera traumas aos nossos pequenos, que deixam eles agitados, sem sono… Os contos tradicionais, ao contrario os acalma, os ensina a lidar com os medos, angustias e tristezas, a lidar muitas vezes com uma realidade cruel, a denunciar seus vilões.

Não posso deixar de citar ”A triste História de Eredegalda” recontada com muita beleza por José Mauro Brant, no livro “Enquanto o sono não vem”. A ela se aplicam as considerações já feitas. O pai, o vilão da história pode ser qualquer coisa que afeta a criança, inclusive um pai, um padrasto, um tio, um abusador. Lembre-se que uma criança vitima de violência sexual se sente, suja, indigna, saber que até as princesas podem passar por esse tipo de situação dar força para criança enfrentar o problema, para denunciar.

Na guerra entre o bem e o mal, não vamos errar o alvo, as histórias fantásticas, os contos tradicionais, os contos de fadas, as lendas, os mitos, as fabulas, as parábolas, a literatura, não são os vilões, são os heróis…

Para os queridos colegas professores, educadores e os pais, todos unidos pela preocupação em educar bem nossos pequenos indico a leitura do livro “A psicanálise dos Contos de Fadas” de Bruno Bettelheim.  E para finalizar completamos o título deste texto, o perigo dos contos de Fadas é deixa-los de narrar, evite o perigo, conte uma história.

 

 

 

 

Tabu: Não existe tema proibido, existem formas de falar

Como falar da morte com nossas crianças? Como explicar que um amigo querido se foi? Mas se pode falar deste tema com as crianças? Como falar deste evento tabu, na infância, mas também tão corriqueiro? Quando às dúvidas bloqueiam as respostas rápidas e literais, talvez seja um sinal que não é delas que precisamos. A linguagem artística abranda a vida, abranda a morte, se lhe faltam palavras, faça um empréstimo à literatura. A indicação de hoje fica com ‘O PATO A MORTE E A TULIPA’ Qual é a cara da morte, ela é boa? É Má? Para onde vamos? Deixe que os pequenos dialoguem com essa encantadora narrativa e tirem suas próprias conclusões.

1 ª Círculo de Oficinas

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Começa hoje o 1 ª Círculo de Oficinas, Mulheres que contam histórias – Fiapos de vozes entre Brasil e Cuba.Nesta segunda-feira (22), no Geling – Faculdade de Educação da UFBA, às 09, e terça-feira (23), no Núcleo de Leitura da UEFS, às 14h.
Este 1 ª Círculo de Oficinas é contrapartida da Residência Artística, Pesquisa e Intercâmbio Cultura financiada pela Secretária de Cultura da Bahia – Secult.
E agora no mês de maio e junho estou aberta para fazer mais oficinas como essas, caso tenha interesse, é só entrar em contato!

 

 

Espetáculo Contando Histórias

 

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Espetáculo Contando Histórias, comigo e a querida Liz Afonso, no teatro la Tintalla, em Havana.
Uma manhã muito divertida com as crianças, um espetáculo cheio imaginação e um público animadíssimo.
Dezenas de ninõs foram assistir ao espetáculo. Com direção artística, Elvia Pérez e organização do ContArte.

Haydée Arteaga e seus 102 aninhos

A última sexta-feira (28) foi um dia de festa, Haydée Arteaga, conhecida internacionalmente como a senhora dos contos, comemorou seus 102 anos numa cerimônia linda. Nesse dia foi homenageada por crianças, músicos, cantores e claro por contadores de histórias. Há alguns dias  a entrevistei, assim que possível publicarei, num agradável  conversa me falou um pouco sobre sua larga experiência como narradora com uma clareza e uma voz espetacular, em véspera dos seus 102 aninhos, narrou um de seus muitos contos.

Parabéns Haydée, pelos 102 aniversário, parabéns pela lição de vida e sabedoria que já regalou a humanidade.

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Matanzas: Conhecer e contar

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Neste último final de semana, de 21 a 23 de abril, estive na província de Matanzas, que fica a 122 quilômetros de Havana como convidada da União de Escritores e Artistas de  Cuba (Uneac).

Cumpri um  lindo roteiro na cidade que começou pela sede da  Uneac, um lindo prédio histórico, seguido por uma  visitação na Editora Vigia, a qual realiza  edição e confecção de livros manuais, unindo trabalho de escritores e artistas plásticos bem como artistas internacionais interessados. Tive o privilégio de acompanhar uma parte da confecção de um livro infantil, com texto de uma menina de 11 anos, com ilustrações feitas por crianças da comunidade. A editora Vigia é um daqueles projetos que encontramos no meio do caminho que nos inspira a fazer da vida uma arte.

Ainda na sexta pela tarde narrei o conto a mulher-lobo num Sarau, transmitido ao vivo pela rádio local, na sede da Uneac. Sábado foi o dia das entrevistas com narradoras locais, uma delas Loreley, possui um belo projeto com crianças chamado País Petit, no qual recebe crianças no terraço da sua casa para oficinas de narração oral, no domingo participei do Sarau organizado por ela, no qual pude ver algumas dos seus pequenos narradores e lhes narrei o conto João Jiló, na versão de José Mauro Brant.

O intercâmbio na Província foi enriquecedor, contei histórias, ouvi, vi projetos direcionados ao público infantil que trabalham literatura, artes plásticas e narração oral, assisti parte da programação do Festival Internacional de Teatro de Rua. E para abrilhantar ainda mais todo isso dei uma passada numa das praias mais visitadas do Caribe, Varadero.

Bem, as fotos estão aí para ilustrar esta visitação que tanto amei!

Ah, Coppelia

A Coppelia

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é um dos pontos de encontro dos cubanos que se reúne em um só objetivo, tomar um sorvete, um não, vários.

A grande sorveteria, que faz parte de uma rede nacional, se encontra no Vedado um dos Barrios mais charmoso de Habana, ao redor dela se forma grandes filas, uma para cada entrada. Num dia de domingo ensolarado, por exemplo, pode esperar horas para se deliciar com um “helado”.

E porque as longas filas? Pela qualidade? Bem, posso dizer que  Coppelia é um lugar agradável, arborizado, reconfortante nos dias calorosos, entretanto o motivo principal das ditas filas não é esse, e sim o preço. O sorvete é vendido em moeda nacional, o cup, em um preço acessível à população. A maior procura é pela salada de sorvete, que são cinco bolas servidas num prato, mas claro que depois de esperar tanto na fila ninguém pede apenas uma…

Esse é ícone de entretenimento cubano, Coppelia, completou na última semana 50 aninhos. Bem, se um dia estiver em Cuba já sabe onde se refrescar, mas se faltar paciência para a longa fila pode comprar uma bola da Nestlé num precinho europeu.

É isso, gente, peripécias do sorvete Cubano.Depois volto aqui para contar as próximas aventuras.

4ª Edição do D’Abril Palabras

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D’Abril Palabras andantes na sua quarta edição, organizada pelo Centro Provincial de Cultura Comunitaria La Habana, que dedica-se principalmente em promover e fortalecer o movimento de narradores amadores por meio de concursos e rodas de narração, em Habana e províncias vizinhas.

Nesta edição tive o privilégio de participar como convidada estrangeira. No primeiro dia participei da oficina ministrada pela a narradora Maíra Navarro, uma das principais responsáveis pelo movimento de narradores profissionais em Cuba e narrei na abertura do evento junto a outros contadores, no Teatro Berthol Brecht.

No segundo dia pela manhã ministrei uma oficina com a intenção de compartilhar minha experiência no Brasil, um pontinho de quase nada diante dessas pessoas que já levam décadas trilhando o caminho das narrativas.  Durante à tarde e noite foi dedicada aos concursos, infanto-juvenil e adulto, com 42 participantes, uma verdadeira maratona de contos.

Assisti 21 crianças narrando e foi muito emocionante, cada uma mais linda que a outra, cada uma narrando a sua maneira e principalmente se divertindo com as histórias. As crianças estavam acompanhadas de seus professores ou instrutores de narração, que fazem parte de projetos que promovem a narração oral nas escolas e nas comunidades. E por aqui já se anuncia um festival internacional de pequenos narradores para o próximo ano.

O último dia do evento começou com rodas de contação pelas províncias, em escolas, praças, asilos… O grupo que participei contou numa das praças para um grupo de crianças, foi uma manhã de céu azul e muitas histórias. A tardezinha todos os narradores se reuniram no Centro Cultural Fresa de Chocolate, um lugar muito aconchegante que reúne um café, uma galeria de arte e um pequeno teatro, para o encerramento do evento com mais uma “contada” de lindas narrativas.

Participaram do concurso de adulto contadores iniciantes, contadores profissionais, jovens, idosos… Vindo de várias partes do país, todos em busca de se aperfeiçoar na arte narrativa.

Santeria: Las personas de blanco

IMG_3364Já no primeiro dia de passeio pelas ruas de Habana algo me chamou atenção, as pessoas de branco dos pés a cabeça, inclusive acessórios como bolsas ou guarda-chuva. Estão por todas as partes, são mulheres, homens, crianças, brancos, negros, cubanos, estrangeiros.

Logo perguntei para a narradora que me acompanhava, já desconfiava que era algo ligado as  religiões de matriz africana porque além do branco as contas destacavam-se, a moça me informou que era o povo de Yoruba, o povo que tinha feito a cabeça recentemente… Pensei “mas são muitos”. Então percebi a força da religião yoruba, a religião de matriz africana cubana que em muito se assemelha a umbanda que temos no Brasil, mas com sacrifício animal. A Santeria  foi trazida para Cuba por meios dos escravos vindo da África.

IMG_3119O nome Santeria, originalmente um termo pejorativo aplicado pelos espanhóis à devoção excessiva aos santos. Os proprietários cristãos dos escravos não permitiram que praticassem suas várias religiões animistas da África Ocidental, o que fez com que os escravos contornassem essa proibição adorando seus deuses africanos sob a forma exterior dos santos católicos.

Os ensinamentos são passador por oralidade, há danças para os orixás, oferendas, tambores, abataques e rituais, por conta não muito diferente do processo das religiões de matriz africana no nosso país que também precisaram do sincretismo para criarem raízes. Dizem que é a segunda maior religião em Cuba depois da Igreja Católica.IMG_3337

Fiquei muito maravilhada com essa semelhança e grande quantidade dos adeptos dessa religião Santeria, me surpreendo a cada dia com esse elo entre Brasil e Cuba. Asè!